Gráfico C
O “Gráfico C” é um gráfico de controlo utilizado para monitorizar o “número total de defeitos” (não conformidades) por unidade ou lote, em situações onde o “tamanho das unidades de inspeção é fixo” e os defeitos podem ocorrer múltiplas vezes em uma única unidade. Este gráfico é apropriado para processos em que a contagem de defeitos é mais relevante do que a classificação de peças como conformes ou não conformes.
Índice
Introdução
- O Gráfico C destaca-se como uma ferramenta fundamental para o controlo de qualidade, especialmente em processos onde o foco é monitorizar o número total de defeitos em unidades ou lotes de tamanho fixo. Este gráfico tem uma ampla aplicabilidade, desde a inspeção de itens uniformes até a análise de defeitos em produtos complexos, proporcionando uma visão clara da variabilidade e das tendências que afetam a qualidade ao longo do tempo.
- Através deste trabalho, exploram-se as características, benefícios e limitações do Gráfico C, incluindo a sua utilização em diferentes setores industriais e os tipos de processos que mais beneficiam da sua implementação. Com exemplos práticos e uma análise detalhada de tendências, este estudo oferece uma abordagem robusta para identificar, compreender e atuar sobre variações nos processos produtivos.
- Espera-se que este material não apenas reforce a compreensão teórica do Gráfico C, mas também inspire a sua aplicação prática como parte de um sistema de controlo estatístico da qualidade. A análise de tendências e a identificação de causas de variação representam pilares essenciais para garantir melhorias contínuas e decisões informadas em ambientes industriais dinâmicos.
Aplicabilidade do Gráfico C
- O Gráfico C é adequado em situações onde:
- Os dados representam contagens de defeitos (não conformidades)): o número total de defeitos é contabilizado, independentemente de quantos defeitos podem ocorrer na mesma unidade.
- Exemplo: contar os defeitos de acabamento em peças pintadas.
- O tamanho da unidade de inspeção é constante: todas as unidades ou lotes têm o mesmo tamanho ou são padronizados.
- Exemplo: inspeção de 100 m² de tecido por lote.
- Os defeitos são independentes: um defeito não influencia a ocorrência de outro.
- Foco na qualidade do produto/processo: avaliar a variabilidade no número de defeitos ao longo do tempo.
- Exemplo: contar bolhas de ar em superfícies de vidro.
Processos em que os Gráficos C são usados
- Processos de Produção com Inspeção de Itens Uniformes
- Características: produção de itens com dimensões constantes, onde o número de defeitos totais por unidade é crítico.
- Exemplos:
- Indústria de Papel: controlo de dobras ou manchas num lote fixo de folhas A4.
- Produção de Parafusos: contagem de roscas danificadas num lote fixo de 100 parafusos.
- Benefício do Gráfico C: monitoriza de forma eficiente o número absoluto de defeitos por amostra, ideal para itens padronizados.
- Processos de Controle de Qualidade em Produtos Complexos
- Características: produtos com múltiplas características inspecionadas e um número total, registado, de não conformidades.
- Exemplos:
- Produção de Máquinas Agrícolas: contagem de falhas (soldaduras incompletas, fissuras) numa máquina inspecionada.
- Indústria de Elevadores: registo de problemas em componentes individuais (botões, portas) durante a inspeção de cada elevador.
- Benefício do Gráfico C: proporciona uma visão clara da qualidade total do produto final.
- Processos de Monitorização de Rejeições
- Características: análise do número total de rejeições ou não conformidades num volume fixo de produtos.
- Exemplos:
- Indústria Farmacêutica: contagem de frascos rejeitados por lote de 1.000 devido a partículas visíveis.
- Produção de Latas de Bebidas: registo do número de latas com amolgadelas num lote de 500.
- Benefício do Gráfico C: permite acompanhar o impacto das não conformidades na produção de lotes consistentes.
- Processos de Inspeção Visual em Produção
- Características: inspeção visual sistemática de produtos ou componentes idênticos.
- Exemplos:
- Indústria de Vidro: contagem de bolhas ou imperfeições num conjunto de 50 janelas.
- Indústria de Brinquedos: inspeção de falhas estéticas (riscos, pinturas fora do lugar) num lote de bonecos.
- Benefício do Gráfico C: garante uma monitorização contínua e comparativa do número absoluto de defeitos.
- Processos de Auditorias de Processos
- Características: registo de discrepâncias ou não conformidades em auditorias de processos ou sistemas.
- Exemplos:
- Auditoria de Documentação: contagem de erros de preenchimento numa amostra de 100 formulários.
- Auditoria de Stocks: controlo de itens mal armazenados num setor fixo do armazém.
- Benefício do Gráfico C: facilita a identificação de padrões nas auditorias, mesmo em inspeções regulares.
- Processos de Controlo de Defeitos em Equipamentos
- Características: inspeção de equipamentos com dimensões ou funcionalidades semelhantes.
- Exemplos:
- Indústria Têxtil: contagem de falhas de funcionamento (paragens inesperadas) num conjunto de 5 máquinas por turno.
- Indústria de Energia: registo de falhas nos sistemas de turbinas eólicas inspecionadas mensalmente.
- Benefício do Gráfico C: identifica tendências em defeitos mecânicos, ajudando na manutenção preventiva.
- Processos de Monitorização de Defeitos em Produtos Acabados
- Características: inspeção de produtos acabados com estrutura ou composição uniforme.
- Exemplos:
- Indústria Alimentar: contagem de pacotes com selagem incompleta num lote de 1.000 embalagens.
- Indústria de Mobiliário: controlo de imperfeições visuais em 20 cadeiras por lote.
- Benefício do Gráfico C: ajuda a identificar problemas de qualidade ao longo da cadeia de produção.
- Processos de Testes Não Destrutivos
- Características: testes realizados para identificar defeitos em produtos que podem ser recondicionados.
- Exemplos:
- Indústria Automóvel: contagem de componentes com pequenas falhas identificadas em testes não destrutivos (ex.: ultrassons).
- Inspeção de Estruturas Metálicas: registo de fissuras encontradas em chapas metálicas durante a inspeção.
- Benefício do Gráfico C: permite monitorizar a eficácia do processo de detecção de defeitos e correções.
Quadro Resumo: Características dos Processos que Beneficiam do Gráfico C |
Característica do Processo | Exemplo de Aplicação | Benefício do Gráfico C |
Produção uniforme com itens idênticos | Parafusos, papel | Monitoriza o número absoluto de defeitos |
Produtos complexos com várias características | Máquinas agrícolas, elevadores | Avalia a qualidade global |
Monitorização de rejeições | Farmacêutica, latas de bebidas | Acompanha o impacto das rejeições |
Inspeção visual | Vidros, brinquedos | Garante comparações consistentes |
Auditorias | Documentação, stocks | Identifica padrões de discrepâncias |
Controlo de defeitos em equipamentos | Têxteis, energia | Ajuda na manutenção preventiva |
Monitorização de produtos acabados | Alimentar, mobiliário | Deteta problemas antes da distribuição |
Testes não destrutivos | Automóvel, estruturas metálicas | Avalia a eficácia da deteção de defeitos |
- O Gráfico C é ideal para processos onde o número absoluto de não conformidades ou defeitos é o foco principal, sendo especialmente eficaz em contextos de produção uniforme. A sua aplicação ajuda a monitorizar a consistência e a qualidade de processos e produtos ao longo do tempo.
Conceitos Teóricos
- Dados Necessários
- Ci: número de defeitos na i-nésima unidade ou lote
- n: tamanho constante da unidade ou lote de inspeção (fixo).
- Linha Central (CL – Central Line) = Média (C-Bar)
- A linha central (LC) representa o número médio de defeitos por unidade ou lote:
![]() |
- k: número total de amostras ou unidades inspecionadas.
- Limites de Controlo
- Os limites de controlo superior (UCL) e inferior (LCL) são baseados na variabilidade dos defeitos, assumindo uma distribuição de Poisson:
![]() |
- Caso LCL < 0, ajusta-se LCL = 0, pois contagens negativas não fazem sentido.
- Representar os Dados
- No eixo X: identificar os lotes ou amostras.
- No eixo Y: representar o número de defeitos (Ci).
- Adicionar a linha central (LC) e os limites de controlo (UCL e LCL).
- Interpretação do Gráfico C
- Pontos dentro dos limites de controlo: indicam que a variabilidade no número de defeitos está dentro da faixa esperada.
- Pontos fora dos limites de controlo: sinalizam a presença de causas especiais de variação.
- Tendências ou padrões anómalos: sequências longas de pontos acima ou abaixo da linha central (LC) podem indicar uma mudança gradual no processo.
- O Gráfico C permite identificar variações inesperadas no processo e tomar ações corretivas. Apesar de ser simples, sua eficácia depende de uma recolha de dados rigorosa e de tamanhos de unidade fixos. Em processos com unidades variáveis, o Gráfico U pode ser mais adequado.
Análise de Tendência num Gráfico C
- A análise de tendências num Gráfico C é um método utilizado para identificar padrões ou comportamentos consistentes no número de defeitos ao longo do tempo. Estas tendências podem indicar mudanças no processo, degradação progressiva ou melhorias, e são fundamentais para antecipar problemas e implementar ações corretivas.
- O que é uma Tendência?
- Uma tendência no Gráfico C refere-se a um padrão repetitivo ou progressivo no número de defeitos registar em unidades ou lotes consecutivos. As tendências podem ser:
- Crescentes: o número de defeitos aumenta gradualmente ao longo do tempo.
- Decrescentes: o número de defeitos diminui ao longo do tempo.
- Oscilantes ou Cíclicas: o número de defeitos varia de forma regular devido a fatores repetitivos, como turnos ou sazonalidades.
- Estáveis: os defeitos oscilam de forma aleatória ao redor da linha central (LC).
- Tipos de Tendências e Sua Interpretação
- Descrição
- O número de defeitos aumenta progressivamente em lotes consecutivos.
- Causas Comuns:
- Desgaste ou falha progressiva de máquinas e ferramentas.
- Degradação da qualidade das matérias-primas.
- Mudanças no ambiente de trabalho (ex.: aumento de temperatura ou humidade).
- Exemplo
- Uma máquina de corte começa a gerar mais imperfeições devido ao desgaste progressivo da lâmina.
- Ação
- Verificar e ajustar equipamentos.
- Inspecionar matérias-primas para garantir conformidade.
- Tendência Decrescente
- Descrição
- O número de defeitos diminui progressivamente em lotes consecutivos.
- Causas Comuns:
- Implementação de melhorias no processo.
- Substituição de máquinas ou ferramentas defeituosas.
- Melhor formação dos operadores.
- Exemplo
- Após a instalação de um novo sistema de alinhamento, o número de defeitos reduz consistentemente ao longo do tempo.
- Ação
- Monitorizar para confirmar que as melhorias são sustentáveis.
- Documentar as alterações feitas para replicação em outros processos.
- Oscilações ou Padrões Cíclicos
- Descrição
- O número de defeitos varia regularmente em ciclos previsíveis.
- Causas Comuns:
- Diferenças nos turnos de trabalho (ex.: operadores com diferentes níveis de experiência).
- Fatores ambientais sazonais (ex.: variações de temperatura entre manhã e tarde).
- Problemas intermitentes em equipamentos.
- Exemplo
- Os defeitos aumentam durante o turno da noite devido à menor supervisão.
- Ação
- Reforçar a formação e supervisão nos turnos menos produtivos.
- Implementar soluções para mitigar os fatores ambientais.
- Estabilidade (Flutuação Aleatória)
- Descrição
- Os defeitos oscilam de forma aleatória ao redor da linha central, sem um padrão aparente.
- Causas Comuns:
- Variabilidade natural do processo.
- Exemplo
- Uma linha de produção estável apresenta pequenas variações no número de defeitos.
- Ação
- Nenhuma intervenção necessária, mas continuar a monitorizar o processo.
- Como Identificar Tendências num Gráfico C?
- Observação Visual
- Analise o gráfico para identificar padrões visíveis:
- Sequências consecutivas de pontos em aumento ou diminuição.
- Oscilações regulares que seguem um padrão previsível.
- Pontos consistentemente acima ou abaixo da linha central (LC).
- Aplicação de Regras de Controlo
- As regras de controlo estatístico ajudam a identificar tendências ou padrões anómalos:
- 6 ou mais pontos consecutivos em aumento ou diminuição: indica uma tendência crescente ou decrescente.
- 9 ou mais pontos consecutivos acima ou abaixo da linha central: pode sugerir uma mudança no processo.
- Padrões repetitivos: podem indicar problemas cíclicos relacionados a turnos ou fatores externos.
- Cálculos Estatísticos
- Análise de Inclinação: calcular a inclinação média (ΔC/Δt) para identificar a taxa de variação dos defeitos ao longo do tempo.
- Teste de Correlação Temporal: usar métodos como Regressão Linear para confirmar a existência de tendências.
- Exemplos Práticos de Análise de Tendências
- Exemplo 1: Tendência Crescente
- Observação: nos últimos 10 lotes, o número de defeitos aumentou de 3 para 15.
- Investigação
- Identificou-se que uma ferramenta de corte estava desgastada.
- Ação
- Substituir a ferramenta e implementar manutenção preventiva.
- Exemplo 2: Tendência Decrescente
- Observaçãoapós o turno 15, os defeitos reduziram consistentemente devido à instalação de um novo sistema de controlo de qualidade.
- Ação
- Continuar a monitorizar e replicar as melhorias em outros processos.
- Exemplo 3: Padrão Cíclico
- Observação: o número de defeitos aumenta consistentemente nos turnos da noite.
- Investigação
- Verificou-se que os operadores do turno noturno tinham menor experiência.
- Ação
- Realizar formação adicional e melhorar a supervisão no turno.
- Soluções para Tendências Identificadas
- Curto Prazo
- Verificar e ajustar máquinas ou ferramentas.
- Inspecionar matérias-primas e garantir conformidade.
- Reforçar a supervisão nas áreas ou turnos problemáticos.
- Médio Prazo
- Implementar manutenção preventiva.
- Uniformizar os métodos de trabalho e realizar auditorias regulares.
- Monitorizar fatores ambientais e implementar controlo climático, se necessário.
- Longo Prazo
- Automatizar o controlo do processo para reduzir dependência de fatores humanos.
- Implementar metodologias de melhoria contínua, como Lean ou Six Sigma.
- Adotar sistemas de monitorização em tempo real para detetar problemas precocemente.
Limitações do Gráfico C
- Embora o Gráfico C seja uma ferramenta útil para monitorizar o número total de defeitos em unidades ou lotes de tamanho fixo, apresenta algumas limitações práticas que devem ser consideradas ao aplicá-lo.
- Requer Tamanho Constante das Unidades de Inspeção
- Descrição: o Gráfico C assume que todas as unidades ou lotes têm tamanhos constantes.
- Impacto: em processos onde o tamanho das unidades de inspeção varia (ex.: tecidos com áreas diferentes ou lotes de tamanhos variados), o Gráfico C não é aplicável diretamente, pois os limites de controlo não seriam representativos.
- Exemplo: inspeção de lotes de 50, 100 e 200 peças em turnos diferentes. Os dados não podem ser analisados de forma consistente com o Gráfico C.
- Alternativa: utilizar o Gráfico U, que ajusta a análise de defeitos em função do tamanho variável das unidades de inspeção.
- Não Distingue Severidade dos Defeitos
- Descrição: o Gráfico C contabiliza apenas o número de defeitos (Ci), sem diferenciar entre defeitos leves e críticos.
- Impacto: pode mascarar problemas importantes se defeitos graves estiverem presentes em pequenas quantidades, mas forem combinados com defeitos menores.
- Exemplo: numa inspeção de superfícies pintadas, pequenas imperfeições são contabilizadas da mesma forma que grandes bolhas de ar, mesmo que tenham impacto diferente na qualidade.
- Alternativa: complementar com uma Análise de Pareto para priorizar os defeitos mais críticos.
- Suposição de Distribuição de Poisson
- Descrição: o Gráfico C pressupõe que o número de defeitos segue uma distribuição de Poisson (ou seja, os defeitos são independentes e ocorrem com uma taxa constante).
- Impacto: em processos onde os defeitos estão correlacionados (ex.: uma falha que gera múltiplos defeitos em sequência), essa suposição não é válida, e os limites de controlo podem ser imprecisos.
- Exemplo: numa linha de produção, um desalinhamento da máquina pode causar múltiplos defeitos consecutivos em peças consecutivas, violando a independência.
- Alternativa: reavaliar o processo para garantir independência ou utilizar gráficos de controlo alternativos, como os Gráficos X-Bar e R, para monitorizar variáveis contínuas.
- Insensibilidade a Pequenas Variações
- Descrição: o Gráfico C é menos sensível a pequenas variações no número de defeitos, especialmente quando C-Bar é elevado.
- Impacto: pequenos desvios podem não ser identificados, atrasando a deteção de problemas no processo.
- Exemplo: numa inspeção de grandes lotes, um aumento de 5 para 10 defeitos pode não parecer significativo num Gráfico C, mesmo que seja indicativo de deterioração.
- Alternativa: utilizar gráficos de tendência, como o Gráfico CUSUM (Cumulative Sum Control Chart), que são mais sensíveis a pequenas mudanças.
- Suposição de Defeitos Independentes
- Descrição: o Gráfico C assume que cada defeito ocorre de forma independente dos demais.
- Impacto: quando os defeitos são causados por uma mesma falha (ex.: uma ferramenta danificada que gera defeitos repetitivos), essa independência não é válida.
- Exemplo: uma máquina desalinhada gera múltiplos defeitos em um lote, mas o Gráfico C não reflete que esses defeitos têm uma causa comum.
- Alternativa: investigar a origem dos defeitos usando ferramentas como o diagrama de Ishikawa ou o diagrama de Pareto.
- Falta de Representatividade em Processos de Alta Qualidade
- Descrição: em processos onde o número médio de defeitos (C-Bar) é muito baixo, o Gráfico C pode ser pouco informativo.
- Impacto: limita a capacidade de identificar variações significativas em processos altamente controlados.
- Exemplo: numa linha de montagem com C-Bar = 0.2, pequenas variações podem passar despercebidas.
- Alternativa: utilizar gráficos de controlo mais sensíveis, como o Gráfico P, para monitorizar a proporção de unidades com defeitos.
- Dificuldade em Monitorizar Características Múltiplas
- Descrição: o Gráfico C só pode monitorizar uma característica de qualidade de cada vez.
- Impacto: em processos com várias características críticas (ex.: dimensões, acabamento, funcionalidade), seria necessário um gráfico separado para cada característica, aumentando a complexidade.
- Exemplo: inspecionar uma peça onde são analisados acabamento, dimensões e funcionalidade exigiria três Gráfico C.
- Alternativa: implementar um sistema de avaliação integrada (ex.: índice de capacidade do processo Cp) para avaliar a qualidade geral do processo.
- Dependência de Inspeções Confiáveis
- Descrição: o Gráfico C assume que todos os defeitos são identificados e registados com precisão.
- Impacto: inspeções inconsistentes ou incompletas podem levar a dados imprecisos, comprometendo a validade do gráfico.
- Exemplo: inspeções visuais realizadas por operadores diferentes podem variar em rigor e precisão.
- Alternativa: automatizar a inspeção para garantir consistência nos dados recolhidos.
- O Gráfico C é uma ferramenta eficaz para monitorizar o número de defeitos em processos simples e padronizados, mas apresenta limitações em contextos mais complexos ou de alta qualidade. Com uma seleção adequada da ferramenta e o uso combinado com outras técnicas, é possível obter um controlo mais robusto e abrangente do processo.
Exemplo Prático
-
Contaram-se os defeitos de 100 metros lineares de cada um de 25 lotes de tecido (rolos de 1,5 metros de largura) produzidos numa unidade fabril. O quadro seguinte apresenta os resultados obtidos.
- Objetivo: realizar a análise detalhada do processo.
Registo do número de defeitos em amostras de 100 metros lineares (rolos de largura igual) |
Lote | Tamanho da Amostra (metros lineares) | Número de Defeitos | Lote | Tamanho da Amostra (metros lineares) | Número de Defeitos |
1 | 100 | 20 | 14 | 100 | 11 |
2 | 100 | 19 | 15 | 100 | 11 |
3 | 100 | 19 | 16 | 100 | 11 |
4 | 100 | 20 | 17 | 100 | 10 |
5 | 100 | 17 | 18 | 100 | 11 |
6 | 100 | 17 | 19 | 100 | 10 |
7 | 100 | 18 | 20 | 100 | 9 |
8 | 100 | 17 | 21 | 100 | 11 |
9 | 100 | 15 | 22 | 100 | 9 |
10 | 100 | 16 | 23 | 100 | 9 |
11 | 100 | 14 | 24 | 100 | 7 |
12 | 100 | 14 | 25 | 100 | 7 |
13 | 100 | 14 | —– | —– | —– |
Representação Gráfica
- Número de defeitos por lote (pontos no gráfico).
- Linha central (C-Bar): representa o número médio de defeitos esperados.
- Limites de controlo (UCL e LCL)
![]() |
Análise das Tendências Observadas
- O Gráfico C apresenta uma tendência negativa clara no número de defeitos ao longo dos 25 lotes analisados. Abaixo segue uma explicação detalhada sobre as tendências observadas, suas possíveis causas, e as ações recomendadas.
- Observação Geral
- Tendência Decrescente:
- O número de defeitos diminui gradualmente ao longo dos lotes.
- A maior parte dos pontos está dentro dos limites de controlo (UCL e LCL), indicando que o processo permanece estatisticamente sob controlo.
- Interpretação da Tendência Decrescente
- A diminuição consistente no número de defeitos ao longo dos lotes indica uma melhoria progressiva no processo. Essa tendência pode ser resultado de:
- Ações Corretivas Recentes: implementação de melhorias no processo, como ajustes em máquinas ou técnicas de inspeção mais rigorosas.
- Substituição de Equipamentos: máquinas ou ferramentas desgastadas podem ter sido substituídas, melhorando a qualidade do tecido.
- Melhoria na Qualidade dos Materiais: lotes de matérias-primas com maior qualidade podem ter reduzido os defeitos.
- Treino ou Experiência dos Operadores: operadores mais experientes ou bem treinados podem contribuir para a redução de defeitos.
- Adoção de Métodos de Melhoria Contínua: uso de metodologias como Lean ou Six Sigma para identificar e eliminar causas de defeitos.
- Estabilidade do Processo
- Estatística: apesar da tendência decrescente, o processo está sob controlo estatístico, pois todos os pontos permanecem dentro dos limites de controlo.
- Melhoria Sustentada: a tendência sugere que as melhorias no processo são consistentes e sustentáveis.
- Riscos e Padrões a Observar
- Embora a tendência seja positiva, é importante monitorizar continuamente o processo para evitar possíveis problemas:
- Estabilização Excessiva: se o número de defeitos se aproximar de zero em todos os lotes, pode indicar uma subestimação de defeitos devido a falhas na inspeção.
- Desvios em Lotes Futuramente Recebidos: a variabilidade pode aumentar se houver mudanças nos fornecedores ou nas condições de operação.
- Recomendações
- Manter a Monitorização Regular: continuar a monitorizar os lotes utilizando o Gráfico C para garantir que a tendência permanece estável.
- Investigar as Causas da Melhoria: identificar os fatores que contribuíram para a redução de defeitos e padronizá-los no processo.
- Manutenção Preventiva e Formação: garantir que a manutenção preventiva e o treino contínuo sejam realizados para evitar uma reversão na tendência.
- Complementar com Ferramentas Adicionais: utilizar o diagrama de Pareto para identificar os principais tipos de defeitos e assegurar que os mais críticos sejam eliminados.
- A tendência decrescente observada no Gráfico C é um sinal positivo de que o processo está a melhorar progressivamente. Essa redução no número de defeitos indica que ações corretivas ou melhorias recentes estão a surtir efeito. No entanto, é essencial manter a monitorização contínua e documentar as boas práticas para sustentar esses resultados a longo prazo.
Notas Finais
- Ao longo deste trabalho, foi demonstrado como o Gráfico C pode transformar o controlo da qualidade em processos industriais, indo além de uma simples ferramenta estatística para se tornar um aliado estratégico na busca pela excelência operacional.
- Com a aplicação rigorosa desta metodologia, é possível alcançar não apenas a identificação de problemas, mas também a construção de soluções sustentáveis que contribuem para um futuro industrial mais eficiente e competitivo. Ao monitorizar e compreender as tendências, os gestores podem tomar decisões fundamentadas, promovendo melhorias contínuas e reforçando o compromisso com a qualidade.
- Que este estudo seja um ponto de partida para novas iniciativas e inspire a adoção de práticas que elevem os padrões industriais, mostrando que, com as ferramentas certas e uma abordagem focada, é possível transformar desafios em oportunidades e atingir resultados extraordinários.